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Alquimismo culinário com a vovó. Antes da malévola - ELA.

1996: O Arroz da Vovó Gregoria

No crepúsculo de 1996, entre panelas e suspiros, minha avó materna desenhou meu primeiro alquimismo culinário. Aquele fogão de quatro bocas – marrom terroso, abas laterais como asas desgastadas – era nosso altar. Hoje chamariam de vintage, mas para mim permanece um ancião sábio, guardião de segredos temperados com manteiga derretida e afeto.

Lembro do som: primeiro o chiar dourado da manteiga encontrando a cebola, depois o arroz caindo como chuva de grãos tímidos. Mas era quando ela vertia a água que a magia surgia – um whoosh! perfumado que invadia a cozinha, despertando não só fome, mas uma saudade antecipada. Minhas lombrigas dançavam tangos desesperados, enquanto eu, pequena aprendiz, tentava roubar grãos ainda crus, ávido por saborear o tempo.

O fogão antigo silenciou, mas ecoa em mim seu último ensinamento: cozinhar é rezar com as mãos, invocar fantasmas queridos através do vapor que sobe, curvando-se no ar como saudade que não finda.


 
 
 

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